quarta-feira, 25 de julho de 2007

Dia dos Avós celebra-se quinta-feira

Dia dos Avós celebra-se quinta-feiraA Coordenadora da Unidade de Missão alerta para os números que diz exigirem mais brio por parte dos médicos Uma em cada quatro pessoas com mais de 65 anos vive sozinha. Os números da Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados em Portugal merecem reflexão na semana em que se assinala o Dia dos Avós (esta quinta-feira, 26 de Julho). Inês Guerreiro, responsável pela criação da rede nacional que permite tratar de doentes no período pós-hospitalar, fora das unidades de saúde tradicionais, é responsável pela recolha de dados. Actualmente, segundo refere, 77 por cento da Rede Nacional de Cuidados Continuados e 65 por cento dos equipamentos da Rede de Convalescença pertencem às Misericórdias. Um número que - frisou - "traduz o empenho" dos privados, mas que Inês Guerreiro quer que envolva "todos os níveis do Serviço Nacional de Saúde". "Os Cuidados Continuados não podem ser apenas um serviço de retaguarda dos hospitais, uma medida que permita livrar camas no Serviço de Saúde e criar «hospitalinhos» um pouco por todo o lado", sustenta a coordenadora. Em vez disso, Misericórdias e Unidade de Missão defendem que a Rede de Cuidados Continuados tem que ser uma resposta única a cada doente único. "Tem que haver um plano individual de cuidados para cada doente e, em Portugal, ainda ninguém sabe fazer isso". A responsável sustenta que “quando um médico preenche um guia de alta, onde não menciona todos os cuidados que o doente deve ter, não está a trabalhar com brio e está a prejudicar a Rede de Cuidados Integrados Continuados”.“REFORMAR O SISTEMA”.Para concretizar a Rede, disse, será preciso "reformar totalmente o Sistema Nacional de Saúde, tirando o profissional de saúde do centro do sistema e colocando, no centro de tudo, o doente". "Temos que deixar de nos acusar uns aos outros e envolver toda a comunidade, desde Misericórdias e médicos a autarquias e Segurança Social para tratar com êxito as pessoas que, após a doença, continuam a necessitar de cuidados especiais", defende Inês Guerreiro.Dos projectos piloto à rede finalActualmente, diversas entidades estão a participar por todo o País nas experiências piloto da Rede de Cuidados Continuados que se espera em pleno funcionamento até 2016. Na Beira Interior, a 18 de Dezembro de 2006, entrou em funcionamento a Unidade de Cuidados Continuados da Guarda, instalada no antigo hospital da Misericórdia, com capacidade para 37 camas, mediante um protocolo assinado entre a Santa Casa da Misericórdia da Guarda e os Ministérios da Saúde e da Segurança Social.Já o distrito de Castelo Branco viu na altura aumentado para 50 o número de camas de cuidados continuados, depois de assinado um protocolo com a Misericórdia do Fundão que passou a oferecer 20. No total, pelo País, há mil 145 camas para os cuidados continuados, distribuídas da seguinte forma:Unidades de Convalescença – 413 camasUnidade de Internamento de Média Duração e Reabilitação – 304 camasUnidade de Internamento de Longa Duração e Manutenção – 382 camasUnidade de Cuidados Paliativos – 46 camas.Os Projectos Piloto estão sob monitorização e acompanhamento. A implementação total da rede será concretizada em três fases, ao longo de dez anos: 1ª fase entre 2006/09 com 30 por cento de cobertura, 60 por cento entre 2009/13 e 100 por cento entre 2013/16 (3ª fase).Professor universitário defende “aldeias lar” para idososJoão Martins, professor universitário, defende na sua tese de doutoramento um modelo "inovador" que pretende transformar as povoações do interior em risco de desertificação em "aldeias lar" para apoiar idosos. A vocação das aldeias e vilas do Interior de Portugal para o modelo, que pretende combater a desertificação e apoiar idosos, pode ser um “ovo de Colombo”. O autor do modelo, professor universitário em Beja, refere que a ideia surge para "tentar encontrar respostas sociais mais eficazes para o envelhecimento da população e a desertificação que afectam o Interior do País".A "tentativa" parte do modelo de "aldeias lar", uma das "respostas concretas" para aqueles problemas, que João Martins vai propor na sua tese de doutoramento em Planificação Integral e Desenvolvimento Regional, com o tema "Alqueva - Cenários de Inovação e Desenvolvimento a Sudoeste da União Europeia".Segundo o autor, já existe um outro conceito, geralmente denominado de "residências assistidas para seniores", mas "são equipamentos construídos de raiz, quase todos isolados e só têm como finalidade apoiar idosos". Segundo o autor, o modelo "inovador" consiste em "aproveitar e revitalizar as aldeias e vilas do Interior do País com população envelhecida, pouca oferta de emprego e em processo de desertificação", transformando-as em "aldeias lar"."Através de investimento público, privado ou misto, as casas devolutas ou abandonadas nestas povoações poderão ser adquiridas e reconvertidas em apartamentos para a habitação de idosos", precisou. Além das habitações e dos equipamentos e serviços normais em qualquer localidade, continuou, serão criadas "unidades de apoio a idosos", onde, exemplificou, "poderão ser servidas refeições ou prestados serviços médico-sociais, como cuidados geriátricos ou paliativos".OUTRAS VANTAGENSAs "aldeias lar", além de alojar os idosos residentes, que "não terão que abandonar as suas casas e ir para um lar, muitas vezes longe dos seus familiares, amigos e vizinhos", salientou João Martins, "poderão também apostar no turismo social". Neste sentido, explicou, "algumas das habitações ficarão disponíveis para os familiares dos idosos residentes e para outros idosos e seus familiares vindos de outros pontos do País ou do estrangeiro"."No caso de existir uma rede de «aldeias lar» com gestão central, há ainda a possibilidade dos idosos passarem períodos temporais em sítios diferenciados", sugeriu.A "dignificação" dos idosos, através de uma "assistência de qualidade na fase final das suas vidas", um "melhor" ordenamento do território, com a "revitalização da actividade social e económica" das povoações em risco de desertificação, são as principais vantagens do modelo apontadas por João Martins. As "excelentes" condições climáticas, "riquezas" ambientais e patrimoniais e a gastronomia de Portugal, defendeu João Martins, poderão também ser "valorizadas", "assumindo o Interior do País como um 'cluster' nas áreas da geriatria e do turismo social para idosos, atractivo para os povos nórdicos".Os exemplosComo "experiências próximas" do modelo de "aldeias lar", João Martins aponta os casos da aldeia de Saint Brendan, na Irlanda, e das portuguesas de São Martinho das Amoreiras, no concelho alentejano de Odemira (Beja), e São José de Alcalar, na freguesia da Mexilhoeira Grande (Portimão).Terça-Feira, 24 de Julho de 2007 Diário XXI

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