terça-feira, 15 de setembro de 2009

Libertação de 6 aves recuperadas no CERVAS: 17 e 21 de Setembro de 2009 (Distritos da Guarda, Coimbra e Bragança)‏

CERVAS
Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens


O CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens (Gouveia) vem por este meio convidá-los a estar presentes em mais quatro acções de devolução à Natureza de seis aves selvagens recuperadas neste centro:


17 de Setembro de 2009, 5ª feira
Libertação de uma Águia-calçada (Aquila pennata)
9h30 - Pinhanços, Seia
Ponto de encontro: Aeródromo de Pinhanços

Esta acção será organizada com a colaboração do Aeródromo de Pinhanços.

Esta ave foi recolhida por um funcionário do Aeródromo de Pinhanços no dia 17 de Agosto de 2009, por se encontrar ferida e incapaz de voar. Foi entregue ao SEPNA de Gouveia e encaminhada para o CERVAS. Aqui verificou-se que apresentava lesões compatíveis com electrocussão, incluindo uma fractura na asa esquerda. Sofreu todo o processo de recuperação que consistiu em resolução desta fractura e lesões associadas, alimentação para que adquirisse o peso adequado, contacto com aves da mesma espécie e treinos de voo e caça, encontrando-se agora apta para ser devolvida à Natureza.



Libertação de uma Águia-calçada (Aquila pennata)
10h30 - Seia
Ponto de encontro: Centro Escolar de Seia

Esta acção será organizada com a colaboração do Centro Escolar e do CISE.

Esta ave foi recolhida pelo SEPNA de Portalegre, em Nisa, no dia 31 de Julho de 2009, após ter caído do ninho. Foi entregue no Parque Natural da Serra de São Mamede e encaminhada para o CERVAS. Aqui sofreu todo o processo de recuperação que consistiu em alimentação para que crescesse e adquirisse o peso adequado, passagem pelo 1º processo de muda de penas, contacto com aves adultas da mesma espécie e treinos de voo e caça. Encontra-se agora apta para ser devolvida à Natureza e, tratando-se de uma espécie migratória, torna-se extremamente importante que seja libertada o mais rapidamente possível para que ainda possa efectuar a sua 1ª migração este ano.



Libertação de duas cegonhas-brancas (Ciconia ciconia)
11h00 - Montemor-o-Velho
Ponto de encontro: Ponte da Barca, Montemor-o-Velho
Nota: o encontro para esta acção será na Ponte da Barca pelas 11h00 mas depois será necessária a deslocação até ao local exacto da libertação (campos agrícolas junto à estrada que liga a Ponte da Barca a Verride) .

Esta acção será realizada com a colaboração da Reserva Natural do Paúl da Arzila (RNPA).

Uma das cegonhas foi encontrada debilitada numa central da EDP na Figueira da Foz, em Julho, e recolhida pelo SEPNA de Montemor-o-Velho. Foi depois entregue na RNPA e encaminhada para o CERVAS. A outra cegonha foi recolhida em Nisa, também debilitada, pelo SEPNA de Portalegre e entregue no Parque Natural da Serra de São Mamede, que a encaminhou para o nosso centro. Aqui, o processo de recuperação de ambas as aves consistiu em alimentação para que adquirissem o peso adequado, contacto com outras cegonhas e treinos de voo. Encontram-se então aptas para ser devolvidas à Natureza num local adequado para a espécie.



21 de Setembro de 2009, 2ª feira
Libertação de dois grifos (Gyps fulvus)
11h30 - Penedo Durão, Freixo de Espada à Cinta
Ponto de encontro: Miradouro do Penedo Durão

Esta acção será realizada com a colaboração da empresa Mota-Engil, "padrinhos" de uma destas aves, e do PNDI.

Um destes 2 grifos, uma ave ainda juvenil, foi encontrado debilitado no Penedo Durão, no dia 20 de Agosto, e entregue no CERVAS por um Vigilante do PNDI.
O outro, também juvenil, foi encontrado debilitado e desnutrido num campo agrícola em Taveiro (Coimbra), por um particular, no dia 31 de Agosto, e encaminhado para o CERVAS pelo SEPNA de Coimbra. Este local não é um habitat apropriado para esta espécie pelo que esta ave se terá desorientado durante as deslocações em busca de alimento que é comum fazerem após saírem do ninho.
O processo de recuperação de ambas as aves consistiu em alimentação para que adquirissem o peso adequado, contacto com outros abutres e treinos de voo. Encontram-se então aptas para ser devolvidas à Natureza num local adequado para a espécie.




Para qualquer informação e/ou confirmação de presença nestas acções, agradecemos contacto para este mail (cervas.pnse@gmail.com) ou pelo telefone 962714492.

No caso da libertação das cegonhas-brancas, no dia 17, para qualquer informação por favor contactar o Vigilante da Natureza da RNPA, Pedro Ramalheira: 910748281.



Poderá auxiliar na divulgação destas acções encaminhando este e-mail.



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Águia-calçada (Aquila pennata)

A águia-calçada (Aquila pennata) é a águia mais pequena que ocorre em Portugal. Mede entre 45 - 53 cm de comprimento e 110 – 135 cm de envergadura. Existem dois tipos de coloração nesta espécie: uma forma clara, em que os indivíduos apresentam o corpo, cauda e a maior parte das asas ventralmente brancos, exceptuando as penas primárias de cor preta, e uma forma escura em que os indivíduos apresentam coloração castanho-escura com as penas primárias pretas e a cauda clara na face ventral. Esta espécie apresenta em ambas as formas uma pequena mancha branca nas áreas frontais da inserção de cada asa no corpo. Os tarsos são completamente cobertos por penas, o que terá dado origem ao seu nome comum. Habita e nidifica em zonas florestais, preferencialmente em montados de sobreiro e pinheiro intercalados com clareiras e zonas abertas. É uma espécie monogâmica, solitária e territorial durante o período de nidificação. Ambos os progenitores cuidam das crias (1 ou 2) que são nidícolas (eclodem do ovo sem estar completamente desenvolvidas, não possuindo ainda penas). A dieta desta espécie baseia-se em aves de pequeno e médio porte, répteis e pequenos mamíferos, que caça entre as árvores e nas zonas abertas de mato. A águia-calçada é uma espécie migratória que se desloca para África em meados de Outubro para passar o Inverno, regressando ao nosso país em fins de Março.
Esta espécie foi classificada pelo ICNB em 2005 como “Quase Ameaçada” sendo as suas principais ameaças a destruição do habitat provocada pelos incêndios e o abate de pinheiros de grandes dimensões, onde esta espécie nidifica. A colisão com estruturas e o abate a tiro são também factores que ameaçam significativamente esta ave.


Cegonha-branca (Ciconia ciconia)

A cegonha-branca (Ciconia ciconia) pertence à ordem dos ciconiiformes e distribui-se por todo o nosso país. Possui um comprimento entre 90 e 105cm (com o pescoço distendido) e uma envergadura entre 180 e 218cm. Pode viver até cerca de 33 anos em estado selvagem. Esta ave tem uma plumagem de cor branca com excepção das penas primárias e secundárias, as grandes coberturas e as coberturas primárias, a alula e as escapulares que apresentam uma coloração preta. A cegonha-branca possui pernas altas de coloração vermelha e pescoço longo. Os juvenis distinguem-se dos indivíduos imaturos e adultos principalmente através da coloração do bico: nas primeiras fases de vida é mais curto e quase preto, passando progressivamente para uma coloração acastanhada ou vermelho-pálido com a ponta preta, até atingir a coloração vermelha, típica dos adultos. Apesar de ser considerada uma ave aquática, a maioria dos casais nidificantes em Portugal utiliza diversos habitats como pastagens naturais, searas, montados ou lameiros. No entanto, charcas, pequenas ribeiras, pântanos, sapais e arrozais são muito utilizados por estas aves como locais de alimentação. A cegonha-branca apresenta uma dieta bastante variada: insectos, lagostim-vermelho, anfíbios, pequenos mamíferos, répteis e até mesmo restos de alimento humano, que encontram em lixeiras e aterros sanitários
Esta espécie é monogâmica e, geralmente, utiliza o mesmo ninho, ano após ano. Os casais podem nidificar isoladamente ou em colónias. Em Portugal, são conhecidas colónias constituídas por mais de 70 casais nidificantes. Esta espécie escolhe árvores, construções humanas de diversos tipos, postes e escarpas fluviais e costeiras para edificar o ninho. A postura é efectuada em Fevereiro/Março, sendo que a incubação dura 33-34 dias. O período de permanência no ninho, após a eclosão, é de aproximadamente dois meses (58-64 dias). A incubação, tal como a protecção e a alimentação das crias, é realizada por ambos os membros do casal, podendo ser criadas 1 a 5 crias.
Esta cegonha é uma espécie caracteristicamente migradora e dispersiva sendo que a maioria das aves nidificantes em Portugal migra para a bacia do Rio Niger através do Estreito de Gibraltar.
Como curiosidade, a associação milenar da cegonha-branca ao nascimento de crianças está intimamente relacionada com os seus hábitos migratórios. O seu regresso à Europa, para aqui se reproduzir, coincidente com a estação da Primavera, que simboliza o renascimento da vida, tornou esta espécie num símbolo de fertilidade.
Em Portugal, a cegonha-branca tem o estatuto de “Pouco preocupante”, atribuído pelo ICNB no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal em 2005.
A destruição do habitat, a intensificação da agricultura e abandono de práticas tradicionais, a contaminação química das cadeias alimentares, o abate ilegal e a electrocussão são os principais factores de ameaça a esta espécie.


Grifo (Gyps fulvus)

O grifo (Gyps fulvus) é uma ave de rapina diurna de grandes dimensões, com uma envergadura que pode atingir os 2,65m, e essencialmente bicolor (penas de voo e cauda mais escuras e corpo e restantes penas das asas mais claras). Possui asas largas com “dedos” muito compridos, cauda curta e arredondada e cabeça de cor pálida e de difícil observação durante o voo. O adulto apresenta uma gola de penas esbranquiçadas em torno do pescoço e bico amarelado enquanto que o juvenil possui uma gola castanha clara e um bico cinzento.
Plana em círculos e desliza com frequência, surgindo em bandos dispersos e confinando-se aos cumes das montanhas. No nosso país, o seu habitat de nidificação corresponde exclusivamente a escarpas rochosas de grande dimensão. Faz o ninho em saliências ou pequenas cavernas nas escarpas e raramente em árvores, reutilizando o ninho em anos consecutivos. O seu habitat de alimentação corresponde a campos desarborizados onde se realiza aproveitamento pecuário extensivo. Por vezes realiza movimentos migratórios para explorar zonas de alimentação. Necessita de uma ampla extensão de correntes de ar ascendentes ou térmicas e procura frequentemente cursos de água para se banhar e beber. Na dormida, é comunal (dormem em pequenas comunidades) e nocturno em grupos desagregados, podendo formar dormitórios em árvores.
A população de grifos em Portugal encontra-se confinada aos vales do Douro superior, e seus afluentes, e do Tejo (troço internacional) e seus afluentes, havendo também alguns casais na Serra de S. Mamede e na zona de Barrancos. Esta ave apresenta hábitos necrófagos (alimenta-se dos tecidos macios – músculos e vísceras – de mamíferos de médio e grande porte). Detecta os cadáveres através da visão, muitas vezes pelo movimento de outras aves, no solo ou no ar. Para reprodução, é uma espécie colonial e ambos os progenitores alimentam as crias por regurgitação, crias estas que são nidícolas (eclodem do ovo sem estar completamente desenvolvidas, sem penas). O período de nidificação decorre entre Dezembro e Agosto.
As principais ameaças a esta espécie são: uso de iscos envenenados para captura de predadores de espécies pecuárias, redução da disponibilidade trófica devido ao cumprimento das exigências higieno-sanitárias, diminuição do aproveitamento pecuário extensivo, a modernização agrícola, a perturbação humana, a colisão e electrocussão, a degradação de habitats, a perseguição humana e a construção de parques eólicos.
Em 2005, o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade atribui-lhe o estatuto de “Quase ameaçado”.


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CAMPANHA DE APADRINHAMENTOS:
O CERVAS mantém em curso uma campanha de apadrinhamento de animais selvagens em recuperação ou de um projecto desenvolvido no centro. Para apadrinhar um animal ou um projecto através de uma contribuição financeira ou da angariação e cedência de material de diversos tipos, contacte o CERVAS: cervas.pnse@gmail.com / 96 271 44 92.


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BLOG DO CERVAS: O CERVAS possui o seu espaço na Internet: cervas-aldeia.blogspot.com. Este blog possui informações sobre o centro e todas as actividades desenvolvidas, inclusive das várias libertações que ocorrerão.


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Agradecendo desde já toda a atenção

Os melhores cumprimentos,
A Equipa do CERVAS




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CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens
Apartado 126
6290-909 - Gouveia
Telm: 962714492 / E-mail: cervas.pnse@gmail.com
http://cervas-aldeia.blogspot.com

O CERVAS é uma estrutura que pertence ao Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) / Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e que se encontra actualmente sob a gestão da Associação ALDEIA (www.aldeia.org) com o apoio da ANA – Aeroportos de Portugal e outros parceiros. O centro tem como objectivos detectar e solucionar diversos problemas associados à conservação e gestão das populações de animais selvagens e dos seus habitates. As linhas de acção do CERVAS são a recuperação de animais selvagens feridos ou debilitados, o apoio e/ou a realização de trabalhos de monitorização ecológica e sanitária das populações de animais selvagens, o apoio e fomento à aplicação do Programa Antídoto – Portugal www.antidoto-portugal.org, a promoção da sensibilização ambiental em matéria de conservação e gestão dos animais selvagens e o funcionamento como unidade intermédia de gestão e transferência de informação e amostras tratadas através de parcerias científicas.

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